sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Regresso ao Progresso


Uma vez os adolescentes se contentavam com os jogos de futebol, onde as meninas torciam para os meninos, acontecia uma olhadela ali e outra aqui, tudo regado a refrigerante. Depois foi a vez das matines, das discotecas, mudando os cenários até onde estamos agora. Há quem diga que uma vez tudo era mais simples. E não era mesmo?
Nos contentávamos com uma bom casamento, uma boa casa, um bom emprego, um salário que suprisse nossas despesas – e olha que nem eram tantas assim. Na geração seguinte o casamento é visto como amarras, despesas e com mais cunho financeiro que amoroso. A boa casa é coisa para se pensar, porque são tantos os outros planos. O bom emprego? O salário? Reclamamos cada vez mais. Emprego cada vez pior. Salário cada vez menor. E por quê? 
Por que queremos sempre mais que ontem, mesmo sem refletir. Confundimos evolução de ser com evolução material. E pensamos que crescemos ao lutarmos desesperada e desenfreadamente por dinheiro e bens, deixando nossos amores, nossa família e tudo o que nos é verdadeiramente precioso – o jogo de futebol, as piscadelas e os sorrisos, o sol no céu -, a vida passar lá fora, enquanto corremos como ratos de laboratório na rodinha estressante da nossa ambição desmedida.
As coisas foram se moldando a um molde que ainda não descobrimos qual e foram ficando mais livres, mais maleáveis. Mas ao mesmo tempo em que a liberdade é tão grande, a oferta da indústria de sonhos também é, e não sabemos mais o que queremos, não sabemos mais o que é certo e o que é errado. Nos oferecem o novo, e será esse novo tão bom quanto a propaganda?

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